sexta-feira, 5 de junho de 2009

COR DA PELE, F***-SE!!!*

Atendendo ao pedido do rapper Xis e seu 4P (Poder Para o Povo Preto), com o apoio de mais de cinqüenta mil manos, de Mano Brown, passando por Alcione, ao eterno negrão engajado Netinho, o Tio Sam sucumbiu ao sorriso simpático de Barack Obama, fazendo dele o “primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América”

Se a cor da pele fosse o mais importante pra marcar essa inegável ruptura com a política Bush, melhor seria eleger a popular Oprah Winfrey. Já que, além de ter a pele negra, é mulher. Ou, quem sabe, a Condoleezza Rice? Que, ainda por cima (sem duplo sentido), é feia. Mas certamente um dia chegaremos lá!

Chistes à parte, o Panacea não podia ficar calado diante desse fato histórico. É o ponto final (será?) de uma trajetória de sangue e de luta... É o fim do triste “Tomorrow” (soundtrack de Quando as Metralhadoras Cospem): “Tomorrow never comes (...) Tomorrow's far away, Tomorrow, as they say, Is reserved for dreams”. A vitória de Obama é o despertar absoluto do sonho de Martin Luther King Jr. e de milhões de americanos. Negros ou não.

Hoje, tenho a absoluta certeza de que corretos estão os historiadores que afirmam ser um equívoco chamar o negro americano de "afro-americano". Seria reduzir-lhes a história de luta. A história desse povo oprimido deixou de ser a dos negros africanos desde o eclodir da guerra de Secessão, para se tornar outra, independente, única e marcante. Seja na luta pelos direitos civis, seja nas artes, e em especial na música como essa coluna já destacou, o negro americano está cravado na história dos EUA de maneira indelével.

A ascensão de Obama ao poder, ao mesmo tempo em que coroa de glória a história do negro norte americano, inicia outra etapa: meta-racial. Para além da cor da pele, há que se olhar adiante com os olhos de quem não enxerga na cor da pele qualquer motivo para a diferença. Isso, doravante, há de ser irrelevante. E já nem mesmo foi explorado na vitoriosa campanha do democrata eleito.

Curiosamente, a KKK (Ku Klux Klan) e seus estúpidos WASPs (White Anglo Saxon Protestant) manifestaram-se após a eleição de Obama. Afirmaram, curiosa e recalcadamente, num misto de cinismo e revolta, que Obama não é negro, mas “metade negro”. Mulato, uma vez que foi domesticado por sua mãe branca. Daí se vê a quem interessa esse debate racial daqui pra frente.

Ao auto intitulado "Grande Cavaleiro da Ku Klux Klan", Thomas Robb, de onde partiram as imbecilidades acima descritas, o Panacea dedica um trechinho de uma canção do Rappa. Uma música que, segundo consta, foi inspirada no Marcinho VP do Morro Dona Marta (aquele retratado no livro Abusado, do jornalista Caco Barcellos) e que fala da miscigenação de um certo "Homem Amarelo".

Para que não haja dúvidas, não estamos a dedicar ao KKK uma singela canção. Mais especificamente, dedicamos aos molóides aquela enfática inserção à letra, como executada no Acústico MTV, de preferência em alto volume e na voz rouca e furiosa de Falcão, que diz mais ou menos assim: “Cor da pele, foda-se!!!"

*coluna originalmente publicada em www.malditafutebolclube.blogspot.com em 12 de Novembro de 2008

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