sexta-feira, 5 de junho de 2009

IN(TER)DEPENDÊNCIA OU MORTE*

Quem está ligado na cena independente ou no programa da Maldita já deve ter ouvido o som de bandas das quais grande parte do público jamais ouviu falar. É reconhecidamente impossível manter-se plugado no ilimitado cenário independente, até porque a cada dia que passa surgem e desaparecem centenas de “bolas-da-vez”. Isso é uma característica dessa cena: ela não vai te procurar, você tem que ir atrás dela. Não sei se deu pra sacar, mas “procuramos independência, acreditamos na distância entre nós”! Nem sempre...

A democratização do acesso à esfera digital com a possibilidade e a facilidade de divulgação de trabalhos dos mais variados (literários, audiovisuais, gráficos, etc...) em sites como youtube, my space, tramavirtual, dentre outros, ampliou consideravelmente o raio de ação de profissionais das mais diversas áreas. Aliado a isso, o surgimento de softwares cada vez mais competentes em reproduzir o que antes só era possível por meio de equipamentos caros e inacessíveis a muitos, completou o processo de independência daqueles interessados na criação e publicação do seu trabalho, principalmente na área musical.

Em razão dessa interminável capacidade de “divulgação”, dá-se o que já cantava Raulzito décadas atrás: “é tanta coisa no menu que eu não sei o que comer” e assim, é preciso de alguma forma canalizar a atenção do público aproximando-o dos destaques da cena independente seja ela qual for. De toda forma, valerá sempre a velha máxima segundo a qual quem não tem competência não se estabelece.

Impotente de limites e balizamentos a grande rede continua dependente dos tradicionais eventos realizados no inevitável esforço de separar o joio do trigo, abrindo espaço e promovendo a saudável disputa entre bandas que têm o interesse comum de divulgar seus trabalhos. Sempre apoiados no bordão segundo o qual “quem sabe faz ao vivo”, completam a simbiose que acaba por promover a imediação entre o público e o artista.

Com a tripla função de divulgar (os participantes), filtrar os que se destacam (através das seletivas eliminatórias) e incentivar o campeão a seguir em frente, não podem deixar de ser levados em consideração como norte nesse caudaloso mar de sons, expectativas e talentos que espocam diariamente, seja nas garagens, nos estúdios ou em simples computadores pessoais.

Daí que o Maldita Futebol Clube, pegando carona nesse trem, na última segunda recebeu o pessoal do B.B. Handevu, vencedora do segundo Festival de Bandas Independentes (FBI), evento realizado no Rio de Janeiro entre os meses de Setembro a Novembro do ano passado e que contou com a participação de cerca de 70 bandas ávidas pela divulgação de seus trabalhos.

Do gargalo estreito do FBI, saiu um rock n´ roll swingado, carburado e cheio de ritmo, somado a ótimas letras, ora contundentes, ora irreverentes, sempre empolgantes, legitimando tanto a banda quanto o evento. O prêmio por ter alcançado o topo do FBI não é um troféu pra apodrecer na estante, mas o fomento ao trabalho árduo daqueles que se dedicam a fazer música de maneira quase artesanal: os caras ganharam a oportunidade de gravar na Toca do Bandido (estúdio de primeira linha onde foi gravado “O Silêncio Que Precede o Esporro” do Rappa) e contarão com a produção de Tomás Magno, que já trabalhou com nomes com Skank, Marjorie Estiano, Carbona, Detonautas e Lô Borges.

Entre as músicas da banda que devem entrar no disco, destacam-se a fervente e provável faixa título, “Que Rufem os Tambores” e “Bom Dia”, perfeita para ser o hit do verão 2009. Sucesso para o B.B. Handevu!

Então é isso, o Panacea ressurge do lodo espesso da putrefação pra deixar essa dica aí: B.B. Handevu! O trabalho da banda pode e deve ser conferido na meca do espaço independente, MySpace.com, bem como no Trama Virtual e em breve nas melhores e piores lojas do ramo.

*originalmente postado em www.malditafutebolclube.blogspot.com em 16 de Janeiro de 2009

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