Os colonizadores da América do Norte receberam negros oriundos de regiõe

Curioso é que, mesmo nas folgas, a rigidez da colonização protestante britânica proibia os escravos da utilização de instrumentos de percussão e sopro, temendo que pudessem (e poderiam!) ser usados como forma de arregimentação de escravos acabando por oxigenar indesejáveis rebeliões. Já a colonização católica latina, não proibira a batucada dos escravos, desde que o fizessem reservadamente. Isso, aliado a outros fatores, fez com que lá em cima se difundissem mais os instrumentos de corda, dando origem, por exemplo, ao blues, semente do rock and roll. Cá em baixo, essa gente bronzeada mostra seu valor com ritmos cuja espinha dorsal é formada por instrumentos de percussão: o samba, o mambo, a rumba, a salsa, etc...
De lá pra cá, muitas coisas mudaram. O curso do tempo diluiu as proibições verticais, permitindo a gradual fusão das multifárias influências rítmicas. Mas algumas outras coisas vê-se que não mudarão tanto: nas palavras de Marcelo Yuka: “todo camburão tem um pouco de navio negreiro”. Mas - assim como o todo é mais do que a soma de suas partes - a música não é meramente a junção seqüencial e harmônica de diversas notas musicais. É, e sempre será, sobretudo, uma das mais inatas e inexpugnáveis formas de expressão da liberdade.
*coluna originalmente publicada em www.malditafutebolclube.blogspot.com
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